Passados 9 dias depois do grande terramoto de grau 9 na escala de richter, o Japão e o seu povo, continuam canalizando todas as suas energias para a resolução dos problemas imediatos gerados por essa situação, isto (o mais interessante), dentro da maior normalidade possível... não sei, se calhar em um qualquer outro pais, estaria tudo parado, cada qual chorando as suas mágoas num qualquer canto, á espera de supostos milagres. É verdade, aqui dá vontade de chorar, por ver a determinação e a coragem com que um povo reage a uma calamidade desta dimensão; que gente VALENTE, que orgulho sinto por estar no meio deles numa hora como esta, que lição tenho recebido e aprendido!
Das centenas de réplicas que o Japão tem sentido desde o dia 11 (elas tem sido quase incessantes), a maior delas teve o seu epicentro na Europa, concretamente nas redacções dos inúmeros meios de comunicação social, sem saber quantificar a intensidade desta mesma réplica, quase que me atreveria a dizer que ela foi bem maior que o terramoto original.
Em Portugal a par de uma geração "á rasca" também temos uma imprensa "á rasca", enquanto os primeiros são vitimas da mentira que o país tem sido de alguns anos a esta parte, os segundos vivem da mentira produzida pelas suas redacções, nomeadamente em relação ao Japão. Veja-se então alguns títulos começando por jornais ditos de referência:
"Governo aconselha portugueses a saírem do Japão" (Expresso 17/3, http://aeiou.expresso.pt/governo-aconselha-portugueses-a-sairem-do-japao=f638198), aqui o interessante é que só se fala de portugueses no titulo, em toda a noticia nada é referido. A embaixada que contactou comigo duas vezes, uma por telefone outra por email, nunca me solicitou ou aconselhou para sair da região de Tóquio sequer.
"Crise de nervos em Tóquio perante a incerteza" (Público, 17/3, http://www.publico.pt/Mundo/crise-de-nervos-em-toquio-perante-a-incerteza_1485336), em relação a este artigo ver vídeo publicado mais abaixo, que aliás é referido no final da noticia, como "um espanhol que se identificou nas redes sociais como Marc" (se calhar não tem credito, http://blogs.antena3.com/niponadas/ ).
"Capital japonesa tem cada vez menos gente nas ruas" (DN 17/3, http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=1808212&especial=Sismo%20arrasa%20Jap%E3o&seccao=MUNDO ), desculpem, esta tive que rir, foi boa para descontrair, uma boa parte dos japoneses usa máscaras nesta altura por causa do pólen, tão e somente por isso, se desejarem comprovar, no youtube façam uma busca sobre vídeos japoneses nesta altura do ano em outros anos.
Poderia continuar, mas foram tantas que até se torna cansativo, mas façam um exercício de memória comigo em relação as estas noticias; a região metropolitana de Tóquio (na qual eu vivo) tem 37 milhões de habitantes... não sei, dou por barato que tenham saído desta região nos últimos dias 100 000 pessoas (mesmo assim estou disparando muitooooo para cima), duas vezes três vezes cinco, ahaaaaa, peçam ao Engenheiro Guterres para fazer esta conta que é melhor do que eu, sendo a pessoa indicada pois é o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados.
Mas o pior desta réplica, tem sido a imprensa ter-se esquecido da verdadeira catástrofe que assolou o solo japonês, os 400 000 (QUATROCENTOS MIL) desalojados, os quase 8 000 (OITO MIL MORTOS) mortos e os 12 000 (DOZE MIL) desaparecidos.
Já agora, para que esta meu testemunho tivesse alguma credibilidade seria interessante ser distribuído pelo wikileaks, o novo arauto da verdade no mundo.
O dia á dia em Tóquio
Fuga, caos e pânico em Tóquio
Porutogarujin ポルトガルじん
domingo, 20 de março de 2011
sábado, 19 de março de 2011
Uma semana depois...
Faz hoje uma semana que passei por um dos momentos mais marcantes da minha vida, um terramoto de grau 9 na escala de Richter. Mas este ciclo de 8 dias que agora finda, fica acima de tudo marcado pelo maior turbilhão de sentimentos que alguma vez enfrentei, sentir a angustia, a impotência, a tristeza no rosto de todos quanto se cruzaram comigo, na rua ou no trabalho, era como se uma dor física muito intensa me atingisse mas, o mais inolvidável, foi ver nesses mesmos rostos uma determinação e uma coragem impressionantes com que tem enfrentado o quotidiano e, isso sim, faz, de vez em quando, cair uma lágrima no meu rosto.
Hoje ao ver o meu mural no facebook verifiquei que a última musica que tinha publicado no mesmo, antes desta tragédia, falava de firmeza e senti que Deus me estava preparando para tudo o que eu iria viver nos dias subsequentes, mas o mais importante é que ela traduz exactamente a firmeza com que este POVO tem encarado e vivido estes dias que mudaram o meu mundo e a forma de ver as coisas para sempre.
A todos quantos me tem acompanhado nesta já longa jornada desde a última Sexta-feira, particularmente, á minha mulher, aos meus filhos, aos meus pais, aos meus irmaos e restantes familiares, aos meus amigos de uma forma geral e todos aqueles que por email e no facebook me tem incentivado e acarinhado, o meu muito obrigado, jamais vos esquecerei.
Hoje ao ver o meu mural no facebook verifiquei que a última musica que tinha publicado no mesmo, antes desta tragédia, falava de firmeza e senti que Deus me estava preparando para tudo o que eu iria viver nos dias subsequentes, mas o mais importante é que ela traduz exactamente a firmeza com que este POVO tem encarado e vivido estes dias que mudaram o meu mundo e a forma de ver as coisas para sempre.
A todos quantos me tem acompanhado nesta já longa jornada desde a última Sexta-feira, particularmente, á minha mulher, aos meus filhos, aos meus pais, aos meus irmaos e restantes familiares, aos meus amigos de uma forma geral e todos aqueles que por email e no facebook me tem incentivado e acarinhado, o meu muito obrigado, jamais vos esquecerei.
domingo, 6 de dezembro de 2009
Hoje de manhã...
domingo, 11 de outubro de 2009
Afinal os porcos com asas existem, eu vi!
É verdade, eu vi! está aqui documentado, tirei algumas fotografias dele e com ele. Ninguém pode duvidar, o porco com asas existe, o mito caiu. Não sei se dará para ver no Google Earth, mas podem tentar; o país é Japão, o estado é Saitama e a cidade é Iruma.
Não sei se voa, mas agora tenho razões para acreditar que Pai Natal existe, o coelho da Páscoa não é fantasia, não existe corrupção na política e no futebol, a bondade humana é uma característica comum a todos nós, a tolerância religiosa é um facto, a preservação ambiental é uma preocupação das empresas, a palavra pobre desapareceu dos dicionários, o sporting vai ser campeão... e mais um sem número de constatações em que passei a acreditar.
Só mesmo o Japão para alterar a minha visão sobre o mundo e as coisas. O que este país me tem ensinado, afinal os porcos com asas existem e não é um sonho!
Não sei se voa, mas agora tenho razões para acreditar que Pai Natal existe, o coelho da Páscoa não é fantasia, não existe corrupção na política e no futebol, a bondade humana é uma característica comum a todos nós, a tolerância religiosa é um facto, a preservação ambiental é uma preocupação das empresas, a palavra pobre desapareceu dos dicionários, o sporting vai ser campeão... e mais um sem número de constatações em que passei a acreditar.
Só mesmo o Japão para alterar a minha visão sobre o mundo e as coisas. O que este país me tem ensinado, afinal os porcos com asas existem e não é um sonho!
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Sushi e Carapaus Fritos
Pois é, compramos um sushi (quase 1 kg) de fazer inveja a qualquer apreciador desta iguaria gastronómica. Para não haver dúvidas tive o cuidado de documentar o respectivo na minha máquina fotográfica.
O sushi (em japonês: 鮨, 鮓 ou 寿司) é um prato da culinária japonesa que possui origem numa antiga técnica de conservação da carne de peixe em arroz avinagrado. O sushi, da forma em que é conhecido atualmente, tem cerca de 200 anos; inicialmente, era vendido em barracas, como comida de rua, numa espécie de "fast food".
O sushi tradicionalmente é feito com arroz temperado com molho de vinagre, açúcar e sal, ao qual é combinado com algum tipo de peixe ou frutos do mar, ou ainda vegetais, frutas ou até mesmo ovo. A tradição japonesa é de servi-lo acompanhado de wasabi e shoyu (molho de soja) (Fonte: Wikipédia).
Sei que hoje em dia está muita na "moda" em Portugal, não duvido que realmente haja um número significativo de apreciadores mas creio que uma grande parte das pessoas que o consomem é mais por uma questão social (fica bem dizer ao amigo que comeu sushi); digo isto, sem querer menosprezar os paladares dos meus conterrâneos, mas convenhamos, não existe hoje festa "social" (?) onde o sushi não seja o prato principal. Eu até gosto de sushi, eu até como sushi, mas... não é o "fim do mundo", não é aquele famoso "tcham". Eu conto-vos, a minha mulher, quase que habitualmente aos domingos faz uns carapaus fritos com arroz de tomate, esses sim, eu tiro o chapéu; eu sei, não é socialmente tão aceite, se calhar não devia ter falado neles, sou um pimba culinário, mas já dizia o Rodrigo "Coentros e rabanetes não vão á mesa do rei". Não sei, mas tenho a sensação que este domingo não foi o mesmo pela falta deles, os respectivos carapaus com arroz de tomate. Será que a minha mulher vai atender ao meu pedido para não se mudar o cardápio ao Domingo? Será que fica mal dizer aos meu amigos que comi ontem uns carapauzinhos fritos com arroz de tomate? Ao fim cabo, ambos pratos são confeccionados com arroz e peixe; uma questão de gostos, direi eu!
O sushi (em japonês: 鮨, 鮓 ou 寿司) é um prato da culinária japonesa que possui origem numa antiga técnica de conservação da carne de peixe em arroz avinagrado. O sushi, da forma em que é conhecido atualmente, tem cerca de 200 anos; inicialmente, era vendido em barracas, como comida de rua, numa espécie de "fast food".
O sushi tradicionalmente é feito com arroz temperado com molho de vinagre, açúcar e sal, ao qual é combinado com algum tipo de peixe ou frutos do mar, ou ainda vegetais, frutas ou até mesmo ovo. A tradição japonesa é de servi-lo acompanhado de wasabi e shoyu (molho de soja) (Fonte: Wikipédia).
Sei que hoje em dia está muita na "moda" em Portugal, não duvido que realmente haja um número significativo de apreciadores mas creio que uma grande parte das pessoas que o consomem é mais por uma questão social (fica bem dizer ao amigo que comeu sushi); digo isto, sem querer menosprezar os paladares dos meus conterrâneos, mas convenhamos, não existe hoje festa "social" (?) onde o sushi não seja o prato principal. Eu até gosto de sushi, eu até como sushi, mas... não é o "fim do mundo", não é aquele famoso "tcham". Eu conto-vos, a minha mulher, quase que habitualmente aos domingos faz uns carapaus fritos com arroz de tomate, esses sim, eu tiro o chapéu; eu sei, não é socialmente tão aceite, se calhar não devia ter falado neles, sou um pimba culinário, mas já dizia o Rodrigo "Coentros e rabanetes não vão á mesa do rei". Não sei, mas tenho a sensação que este domingo não foi o mesmo pela falta deles, os respectivos carapaus com arroz de tomate. Será que a minha mulher vai atender ao meu pedido para não se mudar o cardápio ao Domingo? Será que fica mal dizer aos meu amigos que comi ontem uns carapauzinhos fritos com arroz de tomate? Ao fim cabo, ambos pratos são confeccionados com arroz e peixe; uma questão de gostos, direi eu!
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
Sete 1º ministros no Japão nos últimos 9 anos... Impressionante!
Parece mentira mas é verdade, o Japão teve nos últimos 9 anos, SETE, isso mesmo, sete primeiros ministros; para um país que é somente (!) a segunda economia mundial e o motor económico asiático, é obra! Faço esta referência pela confusão instalada em Portugal em relação á sua governação na próxima legislatura. Pergunto-me, qual o porquê dessa preocupação?
No Japão a sociedade rege-se por padrões organizacionais muito apertados, onde os cidadãos mal questionam a autoridade e no entanto os governos duram pouco (sem importar aqui as razões dessa temporalidade governativa, não sendo isso que está em causa), não afectando a qualidade de vida das pessoas de um modo geral e a economia em particular. Deduzo então que numa relação causa-efeito o importante não é a temporalidade da governação (chamada em Portugal de estabilidade) mas a preocupação da classe política em governar o melhor possível para os seus cidadãos no tempo em que ocupam o poder, por isso as coisas funcionam.
Os japoneses não conhecem o conceito do desenrascanço e ainda assim conseguem ultrapassar esses problemas, que pelos vistos, não são sinónimo de grande preocupação.
O desenrascanço é uma arte portuguesa, aprimorada pelos anos e pelo seu povo, arte que até conseguimos deixar de herança noutros países, principalmente no Brasil, sendo lógico, rebaptizada de "para tudo tem um jeito"; as expressões parecem diferentes mas os resultados são iguais, arte essa de que eu chamo a arte do remendo.
Mas para existir o desenrascanço, porque ele é uma consequência, tem que acontecer primeiro o enrascanço, isto é, uma lei de causa e consequência, um não existe sem o outro. Se somos criadores e campeões de um, obviamente também o somos de outro.
Os eleitores portugueses tentaram desenrascar-se com os políticos que têm, conclusão, os resultados eleitorais enrascaram esses mesmos políticos, aqui atinjo o ponto em que me questiono, onde está o problema da governação?
No Japão a sociedade rege-se por padrões organizacionais muito apertados, onde os cidadãos mal questionam a autoridade e no entanto os governos duram pouco (sem importar aqui as razões dessa temporalidade governativa, não sendo isso que está em causa), não afectando a qualidade de vida das pessoas de um modo geral e a economia em particular. Deduzo então que numa relação causa-efeito o importante não é a temporalidade da governação (chamada em Portugal de estabilidade) mas a preocupação da classe política em governar o melhor possível para os seus cidadãos no tempo em que ocupam o poder, por isso as coisas funcionam.
Os japoneses não conhecem o conceito do desenrascanço e ainda assim conseguem ultrapassar esses problemas, que pelos vistos, não são sinónimo de grande preocupação.
O desenrascanço é uma arte portuguesa, aprimorada pelos anos e pelo seu povo, arte que até conseguimos deixar de herança noutros países, principalmente no Brasil, sendo lógico, rebaptizada de "para tudo tem um jeito"; as expressões parecem diferentes mas os resultados são iguais, arte essa de que eu chamo a arte do remendo.
Mas para existir o desenrascanço, porque ele é uma consequência, tem que acontecer primeiro o enrascanço, isto é, uma lei de causa e consequência, um não existe sem o outro. Se somos criadores e campeões de um, obviamente também o somos de outro.
Os eleitores portugueses tentaram desenrascar-se com os políticos que têm, conclusão, os resultados eleitorais enrascaram esses mesmos políticos, aqui atinjo o ponto em que me questiono, onde está o problema da governação?
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Da cama para o futon
Da cama para o futón, poderia muito bem ser um titulo de um livro, mas não é; é um capitulo da minha vida que ainda não sei quando vai terminar.
Faz dois anos e dois meses que não sei o que é uma cama, a última vez foi em Lisboa na noite anterior á partida para o Japão. Que saudades!!! uma cama macia... tenho a impressão que até era capaz de dormir num colchão já moldado pelos anos.
Um futón (布団, futon) é um tipo de colchão usado na cama tradicional japonesa. Os futons japoneses são baixos, com cerca de 5 cm de altura e têm no interior algodão ou material sintético. Vendem-se conjuntos no Japão que incluem o colchão (shikibuton), o edredão (kakebuton) e a almofada (makura). Estas almofadas enchem-se com feijão verde, trigo negro ou peças de plástico (wikipedia).
Pois é!!! é precisamente numa coisa dessas que durmo. Poderia até ter uma cama, mas as casas aqui são pequenas e não se prestam a esse tipo de coisas. Quando vem alguém a casa, transforma-mos o quarto em sala, é só dobrar os futóns e já está. mas que saudades!!! No outro dia falando com os meus filhos pela net, disse-lhes que eu dormia no chão, logo exclamaram "Fixe!!!"; fixe o c........... , pensei eu, não são eles (mas se bem me lembro, quando era criança, também adorava dormir no chão, mal sabia eu!) que dormem no chão.
Mas existe sempre um lado bom, a minha postura melhorou significativamente, é verdade... mas que saudades tenho de uma boa cama!!!
Bem, paga-se o mal que sabe pelo bem que faz.
Faz dois anos e dois meses que não sei o que é uma cama, a última vez foi em Lisboa na noite anterior á partida para o Japão. Que saudades!!! uma cama macia... tenho a impressão que até era capaz de dormir num colchão já moldado pelos anos.
Um futón (布団, futon) é um tipo de colchão usado na cama tradicional japonesa. Os futons japoneses são baixos, com cerca de 5 cm de altura e têm no interior algodão ou material sintético. Vendem-se conjuntos no Japão que incluem o colchão (shikibuton), o edredão (kakebuton) e a almofada (makura). Estas almofadas enchem-se com feijão verde, trigo negro ou peças de plástico (wikipedia).
Pois é!!! é precisamente numa coisa dessas que durmo. Poderia até ter uma cama, mas as casas aqui são pequenas e não se prestam a esse tipo de coisas. Quando vem alguém a casa, transforma-mos o quarto em sala, é só dobrar os futóns e já está. mas que saudades!!! No outro dia falando com os meus filhos pela net, disse-lhes que eu dormia no chão, logo exclamaram "Fixe!!!"; fixe o c........... , pensei eu, não são eles (mas se bem me lembro, quando era criança, também adorava dormir no chão, mal sabia eu!) que dormem no chão.
Mas existe sempre um lado bom, a minha postura melhorou significativamente, é verdade... mas que saudades tenho de uma boa cama!!!
Bem, paga-se o mal que sabe pelo bem que faz.
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