Parece mentira mas é verdade, o Japão teve nos últimos 9 anos, SETE, isso mesmo, sete primeiros ministros; para um país que é somente (!) a segunda economia mundial e o motor económico asiático, é obra! Faço esta referência pela confusão instalada em Portugal em relação á sua governação na próxima legislatura. Pergunto-me, qual o porquê dessa preocupação?
No Japão a sociedade rege-se por padrões organizacionais muito apertados, onde os cidadãos mal questionam a autoridade e no entanto os governos duram pouco (sem importar aqui as razões dessa temporalidade governativa, não sendo isso que está em causa), não afectando a qualidade de vida das pessoas de um modo geral e a economia em particular. Deduzo então que numa relação causa-efeito o importante não é a temporalidade da governação (chamada em Portugal de estabilidade) mas a preocupação da classe política em governar o melhor possível para os seus cidadãos no tempo em que ocupam o poder, por isso as coisas funcionam.
Os japoneses não conhecem o conceito do
desenrascanço e ainda assim conseguem ultrapassar esses problemas, que pelos vistos, não são sinónimo de grande preocupação.
O desenrascanço é uma arte portuguesa, aprimorada pelos anos e pelo seu povo, arte que até conseguimos deixar de herança noutros países, principalmente no Brasil, sendo lógico, rebaptizada de "
para tudo tem um jeito"; as expressões parecem diferentes mas os resultados são iguais, arte essa de que eu chamo a
arte do remendo.
Mas para existir o desenrascanço, porque ele é uma consequência, tem que acontecer primeiro o enrascanço, isto é, uma lei de causa e consequência, um não existe sem o outro. Se somos criadores e campeões de um, obviamente também o somos de outro.
Os eleitores portugueses tentaram desenrascar-se com os políticos que têm, conclusão, os resultados eleitorais enrascaram esses mesmos políticos, aqui atinjo o ponto em que me questiono, onde está o problema da governação?